Os municípios alentejanos foram os que destinaram maior proporção do seu orçamento às atividades culturais em 2010: 7,3%. Os dados constam de um estudo do Instituto Nacional de Estatística, a que o Registo teve acesso. Imediatamente atrás do Alentejo (que para efeitos estatísticos inclui os municípios situados na Lezíria do Tejo) posicionam-se as regiões dos Açores (7%) e do Algarve (5,6%).
Do total de 832 milhões de euros de despesa total dos municípios alentejanos em 2010, 61 milhões foram canalizados para as atividades culturais, sendo que uma fatia importante deste investimento (17,6 milhões) foi gasto em remunerações.
Quando comparados com 2009, os gastos das autarquias com a Cultura são inferiores em cerca de 6 milhões de euros no caso do Alentejo. Mas, tendo em conta a redução da despesa (caiu de 957 para 832 milhões de euros), o setor cultural foi dos que menos sofreu com a contenção orçamental.
O investimento cultural no Alentejo inclui despesas de 13 milhões de euros com o património, rubrica onde se incluem monumentos (4,6 milhões), escavações arqueológicas (845 mil) e museu (3,8 milhões).
Na área das publicações e bibliotecas, as autarquias da região gastaram em 2010 um total de 8,4 milhões de euros, ligeiramente superior à verba dispendida com atividades musicais (8,1 milhões). Só em concertos foram gastos 5,3 milhões de euros. Muito mais do que todo o apoio ao teatro: 1,4 milhões (incluindo aquisição de espetáculos e apoio a festivais e grupos cénicos).
Os apoios a eventos e associações culturais significaram 9,7 milhões nos orçamentos municipais. Mas desta verba apenas 427 mil euros foram direcionados para o artesanato. As despesas com a atividade dos cineteatros e outros recintos culturais ascenderam a 7,6 milhões de euros.
Segundo os dados do INE, o valor mais alto de todo o país estava em Viana do Alentejo (43,9%). O Alentejo conseguiu ainda colocar mais três autarquias nos primeiros lugares: Castelo de Vide (32,2%), Campo maior (28,5%) e Fronteira (27,1%).
A nível nacional, as despesas das Câmaras Municipais em 2010 com atividades culturais foram de 433,9 milhões de euros, traduzindo-se numa diminuição em valor de 33,2% face ao ano anterior.
Os maiores decréscimos nas despesas em cultura verificaram-se nas autarquias das regiões de Lisboa (-58,8%), Algarve e Norte. Face a 2009, os domínios culturais em que se verificaram maiores diminuições nas despesas foram as publicações e literatura (-53,1%); património cultural (-28,6%); radiodifusão (-26,9%), cinema e fotografia e recintos culturais (ambos com -24,1%). As despesas afetas às artes plásticas foram as que tiveram menor decréscimo (-14,7%).
Do total das despesas em cultura realizadas em 2010 pelas Câmaras Municipais, destacam-se as afetas ao património cultural (19,7% do total), publicações e literatura (16,4%) e atividades socioculturais (16,1%), recintos culturais (10,5%) e música (9%). Os domínios que tiveram menor expressão na estrutura das despesas foram as artes cénicas, artes plásticas, cinema e fotografia e radiodifusão, as quais representaram, em conjunto, cerca de 8,4% do total das despesas em cultura.
Está em curso o processo de classificação de mais 27 monumentos alentejanos, revela uma fonte da Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA). Os processos mais recentes são os relativos à Igreja do Espírito Santo/Igreja da Misericórdia (Vila Viçosa), Fonte das Bicas (Alandroal) e Povoado do Porto Torrão (Ferreira do Alentejo), que se juntam a outros cujo projeto já se encontrava em fase de classificação.
No caso de Arraiolos, encontram-se a decorrer os processos relativos à ponte antiga da estrada de Pavia sobre a ribeira do Divor e à Igreja de Santa Clara (Sabugueiro).
Já em Viana do Alentejo, o período de consulta pública relativo à classificação como Monumento Nacional (MN) do Santuário da Senhora d’ Aires e da capela do Cruzeiro está em fase de consulta pública até 23 de janeiro.
No caso de Évora, o Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico (IGESPAR) pretende propor à Secretaria de Estado da Cultura a classificação da Ermida de Santa Catarina do Aivado como Imóvel de Interesse Público. Integrada numa vasta herdade com oliveiras, terras de montado, pasto e lavradio, a Ermida foi construída no século XVI. No seu interior avultam três pinturais murais de raro valor.
“A extrema simplicidade arquitetónica da forma adotada e a originalidade das pinturas murais que, apesar do seu deficiente estado de conservação, se podem considerar como alguns dos exemplares mais antigos ainda existentes no distrito de Évora”, assinala o IGESPAR.
Visto na página electrónica do Registo.