O reitor da Universidade de Évora, Carlos Braumann, manifestou hoje “preocupação” com eventuais cortes financeiros decorrentes do Orçamento do Estado para 2011 (OE2011), o que, a suceder, “comprometeria” o funcionamento da instituição. “Se isso acontecesse [cortes orçamentais], seria muito complicado em termos do funcionamento e da capacidade de cumprimento” do Contrato de Confiança assinado com o Governo, alertou.
Carlos Braumann falava aos jornalistas depois da cerimónia do Dia da Universidade, que marca a abertura solene do ano académico e em que foi atribuído o doutoramento honoris causa ao geógrafo Jorge Gaspar. O reitor da Universidade de Évora (UÉvora) assegurou que “a incerteza” sobre o OE2011 causa “preocupação” e defendeu o cumprimento do Contrato de Confiança que o Governo estabeleceu com as universidades. “Esperemos que possamos contar com as verbas necessárias para, com os mesmos recursos que tínhamos antes, aumentar a formação de ativos na vida portuguesa”, acrescentou. Na cerimónia, Carlos Braumann já tinha prevenido que o “quadro de forte condicionamento orçamental e de enorme incerteza” vai marcar o próximo ano. “A dotação no OE2011, que devia ser igual à de 2010, sofreu já uma redução de 1,6 por cento e um corte substancial nas verbas” do PIDDAC - Programa de Investimento e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC), “para além do corte das verbas na componente salarial”, afirmou. Mas, sublinhou, “mais preocupante, paira ainda a ameaça, que esperemos não se concretize, de cortes mais gravosos, o que, a suceder, comprometeria não só a execução do contrato, como o próprio funcionamento normal das universidades”. Presente na cerimónia, o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António Rendas, assegurou que, “para além dos cortes salariais, que vão afetar toda a função pública”, não tem indicação sobre reduções orçamentais nas instituições de ensino superior. “Há uma crise que é geral e, com certeza, vai afectar as universidades, como vai afetar todos os outros setores do país”, afirmou, recusando “atitudes de alarmismo”, pois, só após a aprovação do OE2011, será possível analisar eventuais “repercussões” financeiras no ensino superior. A Universidade de Évora decidiu atribuir o doutoramento honoris causa ao professor Jorge Gaspar, natural de Lisboa, mas com ligações ao Alentejo desde há cinco décadas, por o considerar o “mais conceituado geógrafo português vivo”. Jorge Gaspar, que já possuía dois doutoramentos honoris causa outorgados por universidades estrangeiras (Genebra e León), manifestou “grande júbilo” perante a distinção da academia alentejana. “Ninguém é profeta na sua terra. É o mais difícil. E onde eu gostava de ser mais aceite e considerado como um cidadão era no Alentejo, onde eu ando há muito tempo. Foi como que a obtenção de uma cidadania. Agora, tenho um novo passaporte”, congratulou-se.
visto no Jornal Público