Politicamente a esquerda em Portugal apresenta hoje algumas particularidades. O B.E. é um partido jovem, urbano e de oposição, ainda agora vimos com o Vereador eleito pelo B.E. a quem foi retirada a confiança política após portar-se como uma prima dona do Presidente António Costa, meteu argolada no apoio ao Terminal de Alcântara e no apoio à Vereadora Ana Sara Brito, entre outros lapsos fulminantes. Perde Sá Fernandes e o Bloco, ganha António Costa, de resto tem vindo a conquistar os adversários de uma forma inteligente e muito eficaz.
O P.C.P. tem um discurso de oposição constante, basta espreitar as Teses para o Congresso deste fim-de-semana e percebemos que na sua óptica todos estão errados, apenas o partido de massas e anti-fascista, onde se corre com os renovadores concomitantemente com a defesa do comunismo chinês e norte coreano para não falar do regime de Fidel Castro, goza de boa saúde.
O P.S. do Eng.º Sócrates ao governar no centro-direita numa atitude reformista obsessiva, não digo que desnecessárias, internamente vê perfilar-se movimentos de contestação onde surgem por exemplo Alegre, Seguro, Pedroso e outros que postulam um P.S. mais à esquerda onde a via do diálogo e de participação dos cidadãos é a opção considerada.
Hoje é lançado o site da Fundação Res Pública, aqui vai estar alojado um Fórum e um Blog onde escrevem 20 socialistas. A par desta iniciativa com as "Novas Fronteiras" nota-se uma tentativa de abertura aos independentes e à sociedade civil, mas há uma crispação em alguns sectores da sociedade e das corporações profissionais fabulosamente aproveitadas pelos movimentos sindicais.
Não sei se será possível conciliar um movimento de repelência e de atracção em simultâneo, ou seja, a tendência para fazer reformas implica a perda de alguns poderes e até mesmo direitos adquiridos de alguns, nesse sentido, duvido que quem perca direitos adquiridos reaja a qualquer chamamento, a tendência desses será para penalizar, e que melhor local do que nas urnas.
Neste caldo vão surgindo aqui e ali movimentos à espreita da oportunidade para se afirmar, por exemplo, o partido político "Melhor é Possível" (MEP) de Rui Marques que mesmo posicionado ao centro-direita pode vir a beneficiar dos desacertos da esquerda, acumulando com o facto de ser novidade, numa fase crítica da economia e da sociedade as pessoas podem embarcar em novas aventuras. O M.E.P. tem uma presença excelente na Internet, recorre a várias plataformas tecnológicas assentes num excelente site utilizando as potencialidades deste importante instrumento.
Os quadros do M.E.P. são pessoas preparadas mas com pouca experiência dos aparelhos político-partidários, isso comporta obviamente algumas vantagens e desvantagens. Este partido vai concorrer às europeias e legislativas, à imagem do B.E. quando apareceu. Julgo que por não ter estratégia autárquica e proximidade aos cidadãos da província vão passar completamente despercebidos no interior e nas zonas rurais, mas nas metrópoles vão com certeza obter um bom resultado. Quem sabe se não estará aqui a muleta do Engenheiro.