
Jogos Olímpicos de Pequim 2008, neste torneio foi obtido o melhor resultado português de sempre através de uma medalha de ouro no triplo salto de Nélson Évora e de prata no triatlo de Vanessa Fernandes. Grandes atletas, verdadeiros Deuses no Olímpo.
Ficou evidente uma característica muito portuguesa, passar do oito ao oitenta, da euforia extrema ao pessimismo angustiante. O Comité Olímpico Português (C.O.P.) assinou um contrato com o Estado a comprometer-se com 4 medalhas e 60 pontos para Portugal, o Governo deu ao COP e atletas 15 milhões de Euros para chegarem a esses resultados. Ora, em ambiente de grande euforia faz-se promessas aqui e acolá, tudo muito simples, mas os atletas são pessoas, não são máquinas, os títulos não se prometem, conquistam-se.
Claro, jovens a falar para jornalistas depois de desaires também deu barraca como o Marcos Fortes para quem de manhã só se está bem na caminha, a Telma Monteiro a desculpar-se com a arbitragem, entre outras trágico-comédias, essa parte não foi bonita. O Gustavo Lima ficou em 4.º lugar, a apenas um ponto da medalha, foi bom, mas agora diz que vai desistir e deixar todo o trabalho feito até aqui, tenho pena se isso acontecer! Mas gostei de Francis Obikelu agradecer a Portugal, nós também lhe agradecemos e muito; vi que Portugal tem bons atletas no remo, na vela, na natação, no judo, na esgrima, na maratona, marcha, no ténis de mesa, entre outras modalidades, dêm-lhes condições de treino e patrocínios e eles podem voar alto, em Atenas 2004 poucos deram por Évora e agora ele é n.º 1, Vanessa Fernandes nem foi ao pódio, e agora são os maiores, como é possível? Trabalho, bom treinador, força de vontade e muito sacrifício, no fundo o que se pede a um atleta de alta competição.
As minhas conclusões são estas, problemas na gestão das expectativas, também percebo que @s atletas queiram dar confiança aos seus patrocinadores, mas às vezes essa confiança não se traduz em resultados e gera grandes frustrações. Outro exemplo de extremos, foi ontem o Comandante Vicente Moura querer demitir-se, hoje depois da medalha de Évora já vai pensar e se lhe fizerem as vontadinhas já fica, por amor de Deus.
Principais lições para o futuro, Portugal não é só o Governo, são também as Câmaras, Escolas e entidades da Sociedade Civil a apostar mais na prática desportiva infantil e juvenil. Não pode ser só Futebol, futebol de selecções, clubes e champions league, as modalidades desportivas amadoras também necessitam de verbas, apoios e motivação.
As televisões e jornais desportivos não querem saber destas modalidades sem ser de 4 em 4 anos quando chegam as Olímpiadas e pedir medalhas, assim não dá, este trabalho sustentável deve começar já e a nível local.
Mais Centros de Treino de Alto Rendimento para os atletas praticarem. 15 milhões de euros lembra-me a copo meio cheio ou meio vazio, no primeiro caso se for sustentável com trabalho de proximidade e acompanhamento dos atletas, no segundo caso se em cima do joelho e sem responsabilidade. Há jogadores de futebol cujo passe é muito superior a isto; 1/3 do valor de um estádio do Euro 2008...
Para Londres 2012 trabalhar mais, falar menos e formar jovens para serem bons atletas, mas sobretudo boas pessoas.