Câmara reconhece problema com potabilidade de água distribuída Os serviços da Câmara Municipal de Évora reconhecem que a água de abastecimento público distribuída em diversas freguesias do concelho pode não ser potável. Numa comunicação interna, a que o DN teve acesso, a responsável pela Divisão de Águas e Saneamento (DAS), Paula Cordeiro, assinala diversas situações em que os valores de cloro são de tal forma baixos que "colocam em causa a potabilidade da água distribuída".
Um dos casos referidos é o de São Vicente de Valongo e São Manços, povoações cujo abastecimento deixou de ser efectuado através de captações subterrâneas para passar a ser assegurado a partir da barragem do Monte Novo. "Após a integração deparámos com vários problemas de qualidade, nomeadamente coloração provocada por uma maior agressividade da água distribuída, assim como valores de cloro residual muito baixos não dando garantias de potabilidade da água", diz o documento. "Esta situação permanece", acrescenta.
Diversos moradores de São Manços contactados pelo DN confirmam que nem sempre a água sai límpida das torneiras: "Há dias em que mais parece um caldo castanho do que água propriamente dita." A existência de problemas é reconhecida pelo chefe do Departamento de Qualidade e Ambiente da CME, Joaquim Costa, segundo o qual foram registados em São Manços níveis de cloro abaixo dos 0,2 miligramas por litro, valor inferior ao recomendado pela União Europeia. Este responsável da CME acrescenta, no entanto, que têm sido "raríssimos" os casos em que as análises bacteriológicas "põem em causa a potabilidade da água" distribuída. A comunicação interna da autarquia refere a existência de problemas idênticos nas povoações de Vendinha, São Miguel de Machede e Azaruja.
Em Agosto de 2003, o município de Évora assinou um contrato de fornecimento em alta e recolha de águas residuais com a empresa Águas do Centro Alentejo (AdCA), maioritariamente detida pelas Águas de Portugal, que por essa altura passou a gerir um sistema multimunicipal de abastecimento aos concelhos de Alandroal, Borba, Évora, Mourão, Redondo e Reguengos de Monsaraz. Por razões de natureza económica, Évora prepara-se para abandonar este projecto (ver caixa).
Ao longo deste período, os serviços dizem ter sido registados "problemas" de manganês e trihalometanos [compostos orgânicos considerados perigosos para a saúde e para o meio ambiente] "nos sistemas sob gestão das AdCA". Foi necessária "uma intensificação do controlo destes parâmetros e consequentemente mais custos para a entidade em baixa".
Os problemas no abastecimento público a Évora foram evidentes em Janeiro deste ano quando níveis anormalmente elevados de alumínio obrigaram ao corte no fornecimento, deixando sem água mais de 50 mil pessoas durante cerca de 24 horas. Na altura, os responsáveis da empresa AdCA asseguraram que a origem do problema estava na má qualidade da água da barragem do Monte Novo, a partir da qual é assegurado o abastecimento. Agora, o vice-presidente da CME, Manuel Melgão, reconhece que "não [foi] acautelada a capacidade de resposta" aos problemas detectados.
informação retirada de http://dn.sapo.pt