As grandes questões estruturais prendem-se com os baixos rendimentos dos trabalhadores portugueses; as desigualdades sociais que grassam na sociedade portuguesa onde 20% dos mais ricos têm sete vezes mais do que o rendimento dos 20% trabalhadores mais pobres quando a média europeia é cerca de metade; a necessidade de reconversão da mão-de-obra empregada no sector público; o acesso igual à educação e qualificação dos portugueses mas numa óptica de exigência e rigor sem o facilitismo do sistema; uma consequente descida nos impostos das famílias e das empresas. Estas são as grandes questões de fundo, o choque tecnológico, a oferta de computadores a preços baixos e outras medidas são paliativos que não mereciam tanta propaganda e um tempo de antena dado pela comunicação social mais ou menos instrumentalizada por agências de comunicação que fazem escrupulosamente o seu papel.
Quanto às grandes obras públicas realmente temos de pensar seriamente na questão porque assistimos a um agravamento da situação social das famílias, nesta semana a T.A.P. suspendeu 60 voos e com isso vai arrecadar cerca de 20 milhões de euros, com a tendência previsível do aumento do barril de petróleo para os 200 dólares, uma das consequências será a diminuição acentuada das companhias low cost que estão actualmente ainda no mercado mas com muitas dificuldades e muitas companhias aéreas estão a despedir pilotos e pessoal de apoio.
E face a este tipo de cenário será que o Aeroporto é mesmo uma obra prioritária? Na minha opinião é necessário perspectivar cenários futuros e discutir em profundidade esta questão, para não hipotecarmos o futuro gerações vindouras.
Quanto ao T.G.V. acho que não faz grande sentido a ligação Lisboa - Porto - Vigo, temos o alfa pendular e este é muito bom para a procura existente. Para assegurar a ligação de passageiros e mercadorias à rede de alta velocidade europeia façam a ligação Lisboa - Madrid, deste modo a ligação de Portugal à rede europeia de alta velocidade fica assegurada, mas importa discutir o modelo económico de financiamento para o estado não ficar sobrecarregado com dívidas e de preferência um bom acordo com os privados que assegure algumas vantagens para o sector Estado.
Quem quiser saber o modelo económico do TGV, os estudos de análise custo-beneficio e estudos de impacte ambiental, para quem tiver disponibilidade e interesse pode consultar alguns estudos aqui no
sítio da Rave na Internet.